Integrados
em harmonia com seus destinos, Sacha e Peter, por serem tão
diferentes, tinham muito em comum. Não por outros motivos que Sacha
era dançarino de uma companhia municipal e Peter, um entregador de
pizza. A vida de um ao outro se entrelaçaria.
Não
se conheciam até a noite em que Sacha, faminto, ligou para a
pizzaria onde Peter trabalhava. Logo que o viu entrar pela porta com
a caixa de pizza apoiada na palma mão, as pernas de Sacha ficaram
fracas e as mãos trêmulas. Nunca havia sentido nada tão forte por
um homem antes, nada que o congelasse de maneira tão estúpida como
a que acontecia naquele momento. Peter, além de belo, transpirava
masculinidade. Sacha pediu para que Peter colocasse a caixa encima da
mesa e perguntou quanto custava. Sabia perfeitamente o preço, pois
havia se informado no momento em que a pediu, queria ouvi-lo falar.
Peter logo percebeu a atração que criou em Sacha e não a repeliu.
Também sentiu-se atraído pelo dançarino. No momento em que recebeu
o dinheiro, o entregador de pizza segurou sua mão e o beijou com
força. Transaram ali mesmo, no sofá da sala, e comeram metade da
pizza.
Ao
retornar para o trabalho, levou uma sonora bronca de Fabrício pela
demora. Dono da pizzaria, advertiu que se ele chegasse mais uma vez
tão tarde após uma entrega seria demitido sem compaixão ou
piedade. Depois da bronca, perguntou qual era o motivo de ter
demorado. - Não conseguia encontrar a rua, por isso é que me
atrasei tanto. - Peter respondeu com a mentira mais deslavada.
Fabrício acreditou na mentira.
A
companhia na qual Sacha dançava realizava apresentações toda
semana. Eram horas exaustivas que atravessavam dias de ensaios e
Sacha, talentoso e focado, conseguia os papéis mais importantes
quase sempre, quando não o personagem principal das apresentações.
Já Peter vivia sobre duas rodas. Usava sua motocicleta para
trabalhar e para ir aonde a precisão o levasse. Nem bem o dia
clareava, corria para o supletivo e depois voltava para casa, tomava
um banho rápido, comia alguma sobra da geladeira e, às três da
tarde, ia voando para a pizzaria. À noite, mesmo cansado, antes de
conhecer Sacha, Peter ainda reunia disposição para visitar uma
boate e, lá, curtir a vida na azaração. Trabalhava muito sim, mas
sabia ser um “bon vinvant”.
Certa
noite, invés de sair da pizzaria e voltar direto para a casa como
sempre fazia, Peter resolveu visitar Sacha. Não o havia visto desde
a vez em que se conheceram. Ao entrar no estacionamento do prédio,
abriu a porta do elevador para subir até o apartamento, mas desistiu
no meio do caminho. Amava-o verdadeiramente e ficou com medo de que
não fosse bem recebido se chegasse em sua casa de surpresa. Peter
decidiu então ir embora para a casa. Aquela não estava sendo uma
boa noite; nem bem avançou três quarteirões, se desequilibrou e
caiu da moto, quebrando a perna. Com a perna engessada, ficou
impossibilitado de sair de casa para poder trabalhar até que se
livrasse do gesso, que levaria semanas.
Só
pensava em Sacha, que, assim como Peter, não conseguia esquecer a
noite em que haviam se conhecido. Pensou em ir à pizzaria para
vê-lo, mas também ficou com medo de que não fosse bem recebido se
aparecesse de surpresa. Certa tarde, após sair de uma sessão de
ensaios da companhia, Sacha tomou coragem, entrou em um ônibus e
seguiu para a pizzaria, já não aguentando mais a angústia que era
estar longe de Peter, mas não o encontrou. Peter ainda se recuperava
da queda.
A
procura de Sacha por Peter na pizzaria despertou curiosidade em
Fabrício, que, ao ouvir Sacha definir-se como um amigo e um alguém
no qual Peter guardava um sentimento especial, desconfiou da amizade
dos dois. - Não pode ser só isso. - pensou. Quando, passado um
tempo, Peter reapareceu para trabalhar, Fabrício o perguntou se
Sacha era parente, amigo ou algum conhecido, não suspeitando ainda
que os dois tivessem um caso, necessariamente. Queria saber a
respeito de todas as pessoas que rondavam a vida de seu entregador de
pizza mais comprometido com o trabalho. Mais velho, experiente e
divorciado de sua terceira esposa, Fabrício tinha todos seus
funcionários como filhos e membros de sua própria família. Peter
respondeu que eram amigos, que o havia conhecido recentemente. Por
fim, ele agradeceu a preocupação do chefe em relação à sua vida,
mudando de assunto. Era tudo que ele desejava ouvir.
Com
a desculpa de que tinha um compromisso urgentíssimo que só naquele
momento é que havia se lembrado, Peter pediu para Fabrício que lhe
desse só mais aquela tarde de folga e arrancou com a moto ao
encontro de Sacha. Deixou a moto na última vaga do estacionamento e
subiu até o apartamento em que Sacha morava. Sabia o andar de
cabeça, mas, ao bater à porta, ninguém atendia. Sacha não estava
em casa. As sessões de ensaios da companhia andavam cada vez mais
longas e exaustivas. Decidiu então esperá-lo no estacionamento.
Permaneceu noite adentro, sentado em sua moto, até que viu Sacha
sair do banco do carona de um carro dirigido por uma amiga que também
era sua vizinha de prédio. Surpreso por reencontrar Peter ali,
naquele estacionamento, Sacha perguntou se queria subir para
conversarem. Peter aceitou o convite no mesmo instante. Ao entrarem
no apartamento, mal fecharam a porta e os dois mataram a saudade. Em
meio aos beijos, mordidinhas e apertões, transaram e dormiram
juntos, grudados em uma cama de solteiro.
Pela
manhã, Sacha se encarregou de preparar o café de Peter, que acordou
com uma farta bandeja ao lado da cama. Depois do café, voltaram a
transar. Sacha, não muito depois que transaram, percebeu que estava
atrasado para as sessões de ensaios que teria naquele dia, deu um
salto para fora da cama e correu para o banheiro, onde tomou um banho
rápido. Foi aí que teve então a primeira demonstração de ciúme
de Peter. - Quero que prometa, agora mesmo, que nunca vai me trair. -
ainda no chuveiro, abraçando-o com vigor, o entregador de pizza o
fez prometer que nunca o trocaria por nenhum dos dançarinos da
companhia, que seria absolutamente fiel. Sacha prometeu-lhe
fidelidade, não conseguindo disfarçar o enorme orgulho e a
satisfação em testemunhar que Peter, em tão pouco tempo, já
sentia ciúme dele.
Peter
seguiu para o supletivo e Sacha dirigiu-se à companhia para ensaiar.
No
que se reencontraram, no apartamento, na noite que se seguiu, Sacha o
convidou para assistir uma apresentação de dança da companhia e,
assim, pela primeira vez, vê-lo dançar. Peter aceitou o convite e,
em comemoração, transaram pela quarta vez.
A
apresentação foi realizada em um sábado quente, no período das
férias. Ao entrar na sala do teatro, Peter caçou um lugar nas
primeiras fileiras e se sentou na espera do começo do espetáculo.
Queria ver Sacha dançando o mais próximo possível do palco, e
também queria que ele o visse e soubesse que havia cumprido a
promessa de assisti-lo. Com o fim da apresentação, Sacha foi até a
plateia e levou Peter até o camarim para que conhecesse seus amigos.
Foi logo dizendo aos dançarinos da companhia que Peter era uma
pessoa muito querida, apesar de tê-lo conhecido não fazia muito
tempo, e que era a primeira vez que ele assistia a uma apresentação
de dança. Peter nada disse até então, permaneceu calado diante dos
amigos de Sacha. De pronto, curiosos, os dançarinos perguntaram se
ele havia gostado da apresentação. Peter, por sua vez, quase
monossilábico, com seu jeito meio bruto, desconversou, dizendo que
não havia entendido muita coisa e que não tinha parâmetros para
concluir se que havia acabado de assistir era bom ou ruim afinal. Os
dançarinos insistiram, indagando-o se a apresentação havia, ao
menos, tocado, por um segundo que fosse, seu coração. Respondendo
com um econômico talvez, Peter voltou a ficar calado.
Nesse
meio tempo, constrangido pelo jeito com que seus amigos eram
tratados, Sacha foi sútil em conseguir com que ficassem a sós,
afastando-se com a desculpa de que Peter havia deixado cair a chave
da moto no palco do teatro. Perguntou por que estava agindo de forma
tão desagradável com seus amigos, porém, Peter negou qualquer
antipatia, respondendo que não os conhecia e que só estava sendo
formal. Foi então que Sacha concluiu, consigo próprio, que Peter
estava tendo uma nova crise de ciúme e voltou a se mostrar orgulhoso
disto. - Ele gosta de mim mais do que eu pensava. - imaginou.
Considerava ciúme demonstração de amor.
Nas
duas semanas que se seguiram, Peter passava a maior parte das manhãs
estudando para as provas do supletivo e, à tarde, seguia para a
pizzaria, onde trabalhava até altas horas da noite, e Sacha
deparava-se com sessões de ensaio cada vez mais prolongadas. Quase
não se viam às noites; as duas únicas vezes que estiveram juntos,
só se preocuparam a amar.
O
relacionamento foi ficando mais intenso na medida em que conheciam de
perto um ao outro. Peter intuía os horários que Sacha ia dormir e o
estado de humor que ele acordava, meio mal-humorado; intuía o que
ele gostava e o que detestava comer, e intuía até os apelidos de
escola que o irritavam; Sacha, por sua vez, conhecia quase todas as
preferências de Peter: a marca do xampu que usava, os programas de
televisão que assistia, os ídolos na música e no esporte, os
sonhos que ele perseguia e até o jeito que gostava que ficassem
penteados os seus cabelos. Certa vez que se encontraram, Sacha
perguntou para Peter uma coisa que não havia se dado conta desde
então: sua família. Peter respondeu que morava com sua irmã,
Sílvia, e que seus pais eram do interior, um casal de pequenos
agricultores de Jaguariúna. Entusiasmado, o dançarino indagou-o se
podia conhecer Sílvia e Peter respondeu que não via problemas que
isso acontecesse. - Ela vai adorar te conhecer! - exclamou. O
encontro não tardou a ocorrer. Peter foi buscar Sacha de moto e o
levou à sua casa, onde Sílvia o esperava.
Carinhosa,
Sílvia foi ao encontro do irmão, de braços abertos, assim que o
viu atravessar a porta da sala, e foi por ele que Sacha foi
devidamente apresentado. - Sacha é o amor da minha vida, a outra
parte da minha existência, a tampa da minha frigideira sem cabo. -
disse, Peter, à irmã, descontraído. Sílvia abraçou Sacha, que agradeceu, dizendo-se feliz em conhecê-la.
Havia
preparado um bolo e uma jarra de suco de maçã para se servirem
enquanto conversassem. Sílvia agarrou a mão de Sacha e o levou até
a cozinha. - Faz quanto tempo que você e Peter se conhecem? -
perguntou para Sacha, que respondeu que fazia cinco meses, no máximo.
Contou também que era dançarino da companhia municipal. Sílvia,
enquanto a isso, ressaltou que já sabia, pois Peter já havia lhe
contado. Bem humorada, revelou que Peter não parava de falar dele.
Sacha, envergonhado, fingiu absoluta normalidade diante da revelação.
Sentia-se gigante toda a vez que redescobria o quanto Peter o amava e
buscaria, cada vez mais, ser o centro das atenções na vida dele.
Apresentado
Sílvia, Peter levou o namorado de volta para sua casa, onde voltaram
a transar. Não se desgrudavam. Sacha conseguiu umas horas de folga
dos ensaios da companhia e, a pedido de Peter, passavam a maior parte
do tempo, juntos. Um museu importante da capital organizara uma
exposição de arte italiana; Peter levou Sacha para conferir os
quadros e esculturas, imaginando acertadamente que ele fosse gostar.
Sacha se mostrara tão interessado nas obras que perguntou tudo que
deu vontade aos funcionários que orientavam o púbico nos andares da
exposição. Os artistas, os anos que foram feitas, as cidades nas
quais foram trazidas para o museu, nada passava desapercebido de sua
fome de arte. Em outro dia, Peter fez outra surpresa para Sacha ao
levá-lo para um lugar onde tivessem mais momentos de intimidade. -
Vou te confessar uma coisa, Peter, é a primeira vez que visito um
motel. - contou, o dançarino. Lá, tiveram a melhor transa:
amaram-se de corpo e alma. - Ótimo então, vamos aproveitar. - Peter
respondeu.
Sacha
e a irmã de Peter tiveram outra oportunidade de se reencontrarem
quando o entregador de pizza os convidou a curtirem um final de
semana em Praia Grande. Alugaram um casebre já mobiliado, mas quase
não ficaram nele. Quando não tomavam Sol, deitados na areia, ou se
banhavam no mar, sentavam-se no banco de uma pracinha, onde assistia
ao congestionamento de pessoas na orla da praia, sem que vissem o
tempo passar. Sílvia, na segunda noite dos três dias, separou-se do
irmão e foi sozinha para uma danceteria. Ao se aproximar do bar,
pediu uma bebida e, no primeiro gole, um rapaz sentou ao seu lado e
começou a puxar papo. Sílvia o ignorou de início, mas logo foi
cedendo às investidas. O rapaz não parava de elogiá-la, dizendo o
quanto era bela e feminina, até que partiu para o ataque. Sustentou
a nuca de Sílvia na palma de sua mão, beijando-a. Deixaram a
danceteria não muito tempo depois disso. Seguiram a pé por uma rua
na qual quase não passava ninguém e foderam em pé, de frente para
o muro. Sílvia, ao fim, recompôs-se. Despediu-se do rapaz e
retornou para o casebre alugado, era tarde da noite.
Pela
manhã, ao acordar e deixar o quarto, Sílvia, no corredor do
casebre, foi abordada por Peter, que perguntou aonde ela havia ido a
noite. Sílvia desconversou, respondendo que havia saído para se
divertir. - Nada demais, só fui dar uma volta. - afirmou.
Insistente, Peter explicou que era sua irmã e que tinha o direito de
ficar preocupado, mas não teve sucesso. Sílvia pôs fim na
discussão ao emendar que era maior de idade, solteira e cumpridora
dos seus deveres e obrigações. - Tenho o direito de me divertir
tanto quanto você. - lembrou-o.
Minutos
antes, Sacha, que relutava em abrir os olhos e acordar, começou a
ouvir Sílvia e Peter discutindo no corredor. Foi a desculpa que
precisava para se levantar da cama desarrumada e abrir a porta.
Sílvia e Peter, no momento em que viram que eram observados por
Sacha, voltaram suas atenções para ele, interrompendo a discussão.
Após encará-lo com irritação, Sílvia foi para a cozinha tomar um
copo de água, enquanto que Peter retornou para o quarto que havia
dormido com Sacha, onde puderam conversar. Sacha perguntou o porquê
da discussão e Peter minimizou, argumentando que tudo não havia
passado de uma implicância de irmãos. - Bobagem, querido, foi só
isso. - beijou-o na testa.
Fingindo
acreditar na explicação, Sacha percebeu que Peter, na verdade,
tivera uma crise de ciúme de Sílvia e isto o deixou terrivelmente
indisposto durante o resto daquele dia. Contrariado, criara a ilusão
de que Peter sentia ciúme somente dele, de mais ninguém. E para que
não deixasse transparecer o ódio que começava a sentir por Sílvia,
Sacha se esforçou enormemente. Sempre que a via, era diplomático,
tratando-a com cordialidade e educação. O dançarino a odiava pela
vontade de odiar, mesmo que, em seu íntimo, soubesse que o ciúme
era algo comum entre irmãos. - Se Peter tiver que sentir ciúme,
juro que vai ser só por mim. - prometeu-se. - Só.
Sílvia
trabalhava como tratadora em um zoológico público. Depois de
voltarem da praia, Peter resolveu fazer uma surpresa para o namorado,
levando-o para que conhecesse o lugar que a irmã trabalhava. Sacha
conhecia o zoológico; havia o visitado por vezes, mas ficou quieto
mesmo assim e fingiu ansiedade ao perceber, ainda na garupa da moto,
para onde estavam indo.
Ao
se verem no zoológico, Sacha e Peter avistaram Sílvia alimentando
um casal de zebras e foram ao seu encontro. Peter foi carinhoso com a
irmã seguido por um Sacha que também a abraçou. Sílvia e Peter
puseram-se a caminhar com Sacha para que conhecesse o zoológico:
mostraram-no a jaula dos macacos, os aquários dos animais marinhos,
os cativeiros das aranhas, das cobras, das serpentes, um berçário
de escorpiões; mostraram-no as jaulas onde ficavam os felinos, como
as dos demais animais e também o lago dos jacarés. Determinado
momento do passeio, Sílvia e Peter voltaram a discutir. Os três
estavam diante do lago quando Peter relembrou a noite, em Praia
Grande, na qual a irmã havia saído para se divertir. - Você não é
meu dono, Peter, tenho o direito de sair com quem eu quiser. -
abominou a ideia de voltar ao assunto. Sílvia sabia que aquela
insistência não passava de ciúme, um sentimento de posse que os
irmãos têm para com suas irmãs, e se apressou em dar um basta ao
falatório. Foi rude ao lembrá-lo que não o devia satisfação.
Enquanto isso, Sacha, que assistia toda a discussão diminuído e
esquecido completamente por Peter, mal acreditou no que estava
presenciando. Concluindo-se que Peter amava mais a irmã do que a
ele, foi tomado por um ódio emudecido e que só com muita força é
que conseguiu conter, e não partir para cima de Sílvia.
Traçou
um objetivo em mente: sua morte. Começou a elaborar um plano para
matá-la. Seria uma única investida, agiria com perfeição. Não
faria nada que desse errado. Pensou em envenenamento, mas logo
desistiu; Sílvia teria uma morte lenta demais e Sacha não conhecia
nada sobre venenos, quanto mais um que não deixasse vestígio.
Esfaqueamento, atropelada, estrangulada, decapitação e pancada na
cabeça: nenhuma destas formas de matar pareceu-lhe bem-vinda.
Algumas eram perversas demais até mesmo para o ódio que sentia e
não conseguiria executar. Cogitou inclusive contratar um assassino
profissional visto que não chegava a uma decisão, porém, isso sim,
definitivamente, é que seria uma completa estupidez em comparação
com todas as outras. Que é que o assassino faria com ele depois que
matasse Sílvia? Chantagearia Sacha para que não o denunciasse ou o
mataria também, só pelo gosto de matar. Por fim, após dias
intermináveis pensando e refletindo nas mais engenhosas
possibilidades de dar fim a vida de uma pessoa, chegou a conclusão
que seria ele próprio que se encarregaria do serviço. E o local
seria exatamente aquele no qual estavam.
Em
outro dia, o dançarino ligou para uma Sílvia que trabalhava no
momento em que o celular tocou e disse que estava com saudades.
Perguntou se podia ir até o zoológico para conversarem e Sílvia
respondeu que sim, que podiam se encontrar. O zoológico, sem nenhuma
coincidência, havia sido fechado para o público aquele dia. Era fim
de tarde, o dia começando a escurecer, quando ficaram um diante do
outro. Preocupada, Sílvia o indagou se havia acontecido alguma coisa
com Peter. Sacha logo a tranquilizou dizendo que o namorado estava
bem. Temeroso que demorasse demais e que, por isso, fosse flagrado,
Sacha sacou um revólver que escondia na cintura, embaixo da camisa
branca, e exigiu que Sílvia o levasse até o lago dos jacarés.
Mesmo sem entender nada, Sílvia fez como Sacha mandou.
Ao
chegarem, o dançarino ordenou que Sílvia entrasse no lago. - Os
jacarés darão fim ao seu corpo. - ameaçou-a. Sívia, no entanto,
congelou, horrorizada. Não podia acreditar que Sacha pudesse
obrigá-la a tal absurdo. Sílvia, cheia de determinação, o encarou
respondendo que não entraria no lago. Sacha repetiu a ordem, só que
dessa vez com ainda mais ameaça. Falava sério, atiraria se fosse
preciso. Sílvia, no entanto, tornou a responder que não entraria no
maldito lago. O revólver ainda em punho, Sacha, então, deu um passo
generoso em sua direção e vociferou para que se jogasse na água. -
Não vou entrar. - Sílvia repetiu e, de novo, não o obedeceu.
Deu-se
a reviravolta a partir de então. Desesperada, ela o desafiou que
atirasse logo, de uma vez por todas. - Você está louca, Sílvia? -
agora, era Sacha quem não entendeu o que acontecia. - Entre no lago,
eu vou atirar! - exclamou. Percebendo que a ameaça dera lugar à
impotência de quem não tem coragem para matar, Sílvia avançou
contra Sacha, empurrando-o fortemente com o próprio corpo para trás
e fazendo-o com que tombasse no chão. O revólver que Sacha
empunhava era falso. Com a queda, a arma caiu aos pés de uma Sílvia
que o apanhou tão logo o viu.
Descobriu
que a arma não era de verdade e que sua maldita vida não havia
estado em perigo. Enchendo-se de fúria com a ousadia de Sacha,
Sílvia levantou uma generosa pedra que encontrou na beira do lago e
golpeou-lhe a cabeça em uma, duas, três pancadas; até matá-lo. -
Olha que você fez, Sacha; não precisava ter acabado assim. - disse
olhando para o corpo estendido no chão. Passou a noite alimentando
os jacarés.
FIM.

Nusss... que conto! Adorei. Quando começamos a ler não imaginamos onde vai chegar, contudo sentimos uma tensão crescer desde o início até chegar ao ápice. Os personagens são bem desenvolvidos e o enredo é ótimo.
ResponderExcluir*☆* Atraentemente *☆*
Evandro, fico feliz que tenha cumprido o meu objetivo, rs.
ExcluirObrigado, parceiro.
Muito erótico para um blog onde crianças menores podem acessar, não acha?
ResponderExcluirNão curto muito esse tipo de coisa em blogs...
Vanessa, obrigado pelo teu comentário.
ExcluirNão sei se alguma vez dei a entender que esse blog é um blog infantil, pois não é. Este é um blog literário em geral.
Achou o conto tão sexual assim? Talvez, pelo fato de dois homens se relacionando é que viu dessa forma. Enfim, uma percepção sua que eu respeito.
Sobre o meu conto ser prejudicial às crianças. Acredito na paternidade responsável. Crianças não devem navegar na internet sem supervisão de um adulto.
Obrigado mais uma vez.
Volte sempre.
Um história um tanto quanto absurda, só se justificando no caso de se tratar de algum tipo de psicopata que sente ciúmes da irmã do namorado, mas sim, uma história muito bem contada, como todos os seus contos que já li. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Adriana...
ExcluirPercebeu como ninguém o conflito do conto que é o ciúmes e o sentimento de posse.
Obrigado.
Mais uma vez adorei o seu conto!
ResponderExcluirComecei a ler e não conseguia parar de ler até saber o final.
Hoje em dia existem muitos casos de sentimento de posse e por vezes confunde-se com amor ( o que na realidade nada tem a ver com isso ).
Beijinhos
Rapariga, é isso mesmo. Ciúme não é e nem nunca foi prova de amor.
ExcluirVolte sempre!
Olá,Rob!
ResponderExcluirUauuu,que conto!
Quanto mais eu lia ,mas eu queria chegar logo ao final e fui surpreendida,pois não imaginava que teria um final desses.
Infelizmente,isso está acontecendo demais entre os seres humanos e todo mundo querendo ser dono de alguém, o que na verdade,ninguém e dono de ninguém.
Parabéns!
Cássia, obrigado pelo comentário. Enquanto escrevia este conto não imaginei que o tema ciúme seria presente no conto.
ExcluirAté eu me surpreendi e me horrorizei com o resultado, kkk
Nossa, que estrutura, desenvolvimento, fluidez. Tudo tão bem feito, que realmente continuaria a ler por páginas e páginas sem nem notar. Parabéns!
ResponderExcluirBeijos da Nanáh!
Obrigado, Nanáh, fico lisonjeado que tenha gostado da narrativa. Também gosto bastante deste conto.
ExcluirMuita responsabilidade a minha, kkk
Abraço
Achei esse conto bem diferente daqueles que costumo ler aqui no blog e a verdade é que me surpreendeu, em grande parte por todos esses sentimentos fortes misturados, talvez também por uma certa tensão, não sei bem explicar. E no fim fiquei assim ":o"! A verdade é que gostei realmente do conto (como não, né?).
ResponderExcluirBeijos!
Bia, obrigado. Como sempre muito gentil com esse humilde blogueiro, rs.
ExcluirBem-vinda de novo ao blog e volte sempre!
história intensa e envolvente,
ResponderExcluiradorei o desfecho!
Obrigado, mami!
ExcluirUma história envolvente e surpreendente! Um romance que prometia e por causa do ciúme doentio terminou com uma tragédia!! Um ciúme desnecessário! Imagina todo esse ciúme da cunhada, e se o Peter olhasse para outra moça?
ResponderExcluirEnfim, amei o conto apesar do desfecho triste! Muito bom!!
Abraço,
Cidália.
Obrigado, Cidália o ciúme é sempre um problema mesmo.
ExcluirSobre o Peter olhar p/ outra moça, isso não aconteceria porque o Peter é gay, rs.
Volte sempre!
No início, eu achei que era Peter que cometeria algo ruim, por conta do ciúme, mas acabou que o ciúme de Sacha foi doentio. Fiquei tensa!
ResponderExcluirSílvia irou-se de tal forma... Fique curiosa para saber o que Peter achou disso tudo. Que loucura!
Suellen eu também estou curioso, rs. Talvez tenha perdoado a irmã, rs. Enfim, não faço ideia, kkk
ExcluirObrigado pelo teu comentário e bem-vinda o blog!
Meu deus que final foi esse ?!
ResponderExcluirGente tô boba em como Sasha pode ser tão possessivo e doentio, poxa era a irmã do Peter...
Parabéns, que conto bem escrito hein!
Beijos
Obrigado, Kerolayne, adorei seu comentário e ri muito da sua reação, kkk. Obrigado, viu?
ResponderExcluirVolte mais vezes p/ se surpreender igualmente com novos que certamente postarei por aqui.
Oie, tudo bem? Esse é um daqueles contos que você começa a ler pensando que irá tomar um rumo e acontece algo completamente diferente. Fiquei até sem ar ali no finalzinho. Parabéns pela escrita, consegue realmente prender nossa atenção e nos surpreender. Beijos, Érika ^^
ResponderExcluirObrigado, Érika, fico feliz que tenha gostado e que bom que consegui te surpreender com o final desse conto.
ExcluirValeu pela visita; volte sempre!
Vou ser sincero, não gostei desse conto. Acho que se deve ao fato de minha formação religiosa, não gostei da história, da narrativa em si. Mas seu texto está muito bem escrito e estruturado como sempre.
ResponderExcluirQue não gostasse até vai, é um direito seu; mas que negócio é esse de formação religiosa, rs.
ExcluirQue legal, um fanático em meu blog, kkk
Uauuu que conto. O final me surpreendeu, não imaginava.
ResponderExcluirMuito bem escrito, como sempre. Fascinada com seus contos.
Já aguardando o próximo. mega bjooooo
Obrigado, Lorena, pela visita e por comentário.
ResponderExcluirAguarde, sim, os próximos contos!