Liza
precisou se afastar da filha e respirar ar puro para se recompor da
tristeza que a abateu. Apesar de mostrar-se forte, sentia que a
perdia para a peste cinzenta.
“Meu
Deus, quando esse pesadelo vai acabar?” - perguntou, com os braços
estendidos em direção ao céu nublado.
Klara,
nesse meio tempo, pouco conseguiu dormir. A dor que sentia por tentar
encher seus pulmõezinhos de ar era implacável e a manteve acordada
durante todo o tempo. Da janela do quarto, podia-se ver uma montanha,
que, embora quase toda coberta de neve, era tão imponente quanto a
montanha que Liza havia descrito na história que contara, e podia-se
também ouvir o ruído das águas do rio Yantra, parcialmente
congelado. Mãe e filha moravam, sozinhas, num sobrado, cujas as
paredes eram brancas e as janelas eram feitas com um tipo de madeira
escura. A casa parecia ser grande demais para somente duas pessoas
viverem nela e era cercada por um extenso gramado. Não tinha muros,
tampouco portão que a protegesse da cobiça externa.
Liza,
ao deixar o quarto da filha, atravessou o gramado, caminhou até a
margem do rio e, caindo de joelhos no chão, olhou fixamente para as
águas verdes-escuros. O Yantra, de algum modo, parecia confortá-la.
“Por
favor, devolva-lhe a vida!” - pensando na filha, abriu o peito para
a correnteza e clamou ao rio.
Não
admitia a ideia de perder a única coisa que lhe importava na vida. A
cada segundo que passava, morria lentamente ao se dar conta que a
estava perdendo para a tuberculose. Diante disso, ofereceu a própria
vida em troca da cura de Klara.
“Leve-me
se quiser, mas não permita que ela morra!”
Sua
oferta sequer foi ouvida. Ainda debruçada na margem do rio, Liza
sentiu, aquecendo lhe o rosto, um chiado soprar morno. Era um
presságio de mau agouro se aproximando. Imediatamente, começou a
ouvir o ronco de um motor e sentiu muito medo.
“Não
se desespere, Liza.” - aconselhou a si própria. - “Klara está
dormindo no quarto, portanto, trate de ser forte e não leve o perigo
para dentro de casa.”
O
ronco do carro só se intensificava na medida em que o mau agouro se
aproximava.
Moravam
cercadas por uma mata densa e seu vizinho mais próximo provavelmente
chegaria tarde demais caso a ouvisse gritando por socorro. A jovem
mãe búlgara, então, se levantou, mas não saiu do lugar. Estava
absolutamente certa em relação ao perigo que ela e a filha corriam.
Dois
viajantes, a bordo de um Benz Patent Motorwagen, vinham, esganiçados,
distribuindo terror pelo leito do rio, e, assim que viram Liza,
pararam imediatamente.
“Bom
dia, senhorita.” - um deles a cumprimentou.
CONTINUE ACOMPANHANDO A HISTÓRIA NA PRÓXIMAS POSTAGENS.

Olá,tudo bem? Adorei o início da história, você escreve super bem, vou começar a te seguir para continuar lendo seus textinhos, parabéns e muito sucesso!!
ResponderExcluirTextinhos? kkk
ExcluirObrigado pelo elogio e pelo comentário, papo sério.
Nossa, que leitura mais plena :)
ResponderExcluirGostei da forma com que você colocou os primeiros personagens.
Com certeza no proximo mês vou comprar seu livro.
O mundo merece te ler, rapaz. <3
Obrigado, May, pelo apoio.
ExcluirEspero que goste do livro e da história principalmente!
Yay! Primeira coisa: sua capacidade de narração descritiva é muito boa e afiada. A casa ficou super bem descrita, parabéns! Também gostei do seu uso moderado das vírgulas, deu um ritmo legal para o texto. Com toda certeza estarei acompanhando as próximas postagens! Parabéns e obrigada por escrever esse texto. Toda obra de arte é um presente para o mundo <3
ResponderExcluirAbraço, Ane.
Valeu mesmo, Ane, muito gentil e amável teu comentário. Feliz que tenha gostado!
ExcluirAbraço e volte sempre ao blog p/ conferir as novidades!