9 de abril de 2018

POESIA: Uma Carta de Uma Clarice.

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Recebi uma carta, a de Clarice,
cuidadosamente datada, letras miudinhas nos cantos, tinta vermelha de sangue fresco no meio, desaforadamente forte.
Insuportável com motivo!
Estava escrita em um papel rasgado, preto-pardo, com perfume dos mulatos;
ontem, hoje, amanhã, mais uma das muitas Clarices, uma de todas as sem-nome;
uma carta, a de Clarice, de gente que festeja e que padece combatente com sua cor.

Carta feliz, uma de Clarice, aquela que disse:
rapazinho novo de tudo, desapegue-se das coisas pequenas,
seja forte mas sereno na vida e viva para o que, com você, condiz;
homem do futuro que sequer se fez, naufrague as suas ilhas-pensamento, abandone os seus barcos sem cascos e deixe-se ser seduzido pela civilização, no bom e no mau dela;
seja um pouco de mim em você que terá muito de você nessa Clarice!
A carta me disse.

Um comentário:

  1. Se a Clarice é uma referência direta a Lispector, foi um poema assombroso, porque você usou das epifanias da Clarice e a nomeou ao mesmo tempo. Achei muito gratificante, e tu remontou a história.

    Foda. <3

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