“Não se lembra de nada?” - perguntou, Lazar, que, cada vez mais intrigado pelo esquecimento de Klara, insistiu. - “Tente se lembrar de qualquer coisa que possa ter acontecido antes de você acordar na clareira.”
A pequena búlgara, então, se esforçou para lembrar de alguma coisa. Fechou os olhos, imaginando-se de volta naquele lugar, mas nada que importasse lhe veio na cabeça.
“Eu não consigo me lembrar de nada.” - disse, aflita.
Diferentemente de Boris, que o observava de um canto da sala, e de Velislava, que se sentou perto da porta, Lazar estava sentado de frente para uma mesa, entre Julia e Klara, onde havia um prato oval de porcelana com espigas de milho que ele próprio cozeu.
“Sua vovó foi a primeira pessoa que você viu?” - quis saber, o balonista, enquanto garfava uma das espigas cozidas.
“Sim.” - Klara respondeu.
Ela olhou para Julia, que, ao perceber a agonia no seu olhar, interveio.
“Não precisa ficar preocupada, Klara.” - disse, a menina ruiva, igualmente intrigada pelo esquecimento da amiga. Mesmo não externando a preocupação que sentia e com receio de agoniá-la ainda mais, Julia foi logo prometendo. - “A gente vai encontrar a sua vovó.”
“Exatamente.” - emendou, Lazar, que, enfim, se deu conta de que a menina verdadeiramente estava sendo sincero quando dizia não se lembrar de nada. - “A gente vai encontrar a sua família.” - prometeu. - “Não precisa ficar triste, você não está sozinha.”
“Dou a minha palavra que vou ajudá-la.” - tranquilizou-a, perguntando. - “Você confia em mim?”
Tímida, Klara sorriu discretamente e respondeu que sim.
Não era difícil, para ela, confiar em Lazar. A pequena sentia nele a mesma sensação de conforto que sentia em Velislava. Sentia-se acarinhada, cuidada e protegida. A raposa de fogo, nesse meio tempo, passou ao lado da mesa e se deitou no corredor, bem embaixo do quadro misterioso que havia despertado a atenção de Klara.
“Ela não está mais pegando fogo!” - exclamou, Klara.
Para o seu espanto, as chamas que Velislava expelia da pelagem avermelhada havia, quase que por completo, se apagado segundos antes de chegar no corredor.
“De quem você está falando?” - Julia perguntou.
“A sua mamãe.” - apontou, Klara, a raposa deitada no corredor.
Julia, então, se virou e olhou para Velislava a fim de saber sobre o que a amiga se referia.
“Isso sempre acontece.” - disse, com absoluta normalidade. E explicou. - “O fogo apaga para ela poder entrar na casa.”
“Por que?” - Klara perguntou.
“Porque assim ela não machuca ninguém.”
“Não machuca ninguém?”
“Isso mesmo.” - disse, Julia, que voltou a explicar. - “O fogo apaga para ela não queimar a casa e não machucar ninguém.”
CONTINUE ACOMPANHANDO A HISTÓRIA NAS PRÓXIMAS POSTAGENS.

Mds...
ResponderExcluirAo começar a ler pensei que fosse uma esposa que tinha esquecido do seu marido.
Mas aí vi que era uma menina...
Muito boa a historia, tem um ar de suspense maneiro...
Preciso saber o que vai acontecer!
Oi, tudo bom? Continue acompanhando as partes dos capítulos.
ExcluirObrigado pela visita!
Adoro sua forma de escrever, os capítulos são curtos, mas sempre carregados de informações e sempre nos prende ao próximo post. Parabéns.
ResponderExcluir*☆* Atraentemente *☆*
Obrigado, Evandro, feliz que tenha gostado.
ExcluirSiga acompanhando o blog!